Quando vi a palavra Cubismo na lista imediatamente lembrei-me das aulas online do “EstudoEmCasa” de História da Cultura e das Artes, e fui transportada para uma fase importante da minha vida em que decidia mudar de rumo profissional, e me preparava para os exames nacionais. Recordei-me das obras fragmentadas e abstratas de Picasso e fiz uma pesquisa sobre a história e os princípios do Cubismo. «Nas obras de arte Cubistas os sujeitos são analisados, fragmentados, e reconstruídos de forma abstrata (…)». O desafio parecia simples: escolher uma fonte tipográfica com um stroke pesado, fragmentar as letras em peças individuais, colorir cada peça singularmente e, através de frames, dispersar e juntar as peças num GIF que construísse e desconstruísse a palavra Cubismo em loop. A fonte tipográfica escolhida foi Gill Sans Ultra Bold, precisamente pelo stroke pesado. Ao fim de terminar o primeiro esboço, apercebi-me que o esquema de cores usado inicialmente não se ajustava ao efeito pretendido. Foi então que decidi referenciar as cores de uma obra de Picasso, Les Demoiselles d’Avignon. Esta pintura a óleo do início do século XX, apelidada pelo autor de O Bordel de Avignon, foi revolucionária e controversa, considerada até imoral. Marcou um momento de rutura com a composição e perspetiva tradicional na pintura até aí, e dava início a um novo movimento de arte vanguardista – o cubismo – que inspirou outros movimentos artísticos na música, literatura e arquitetura. Les Demoiselles representa cinco mulheres nuas em poses eróticas, com contornos angulares e de formas desarticuladas. Esta obra ficou gravada na minha memória devido à representação não convencional do feminino, à retratação grosseira da sensualidade e a possibilidade de extrapolar a mensagem do artista para várias dimensões, instigando a reflexão sobre temas como a prostituição, a homossexualidade e a moralidade. Para além disso os rostos bizarros das duas mulheres do lado direito destoam completamente do resto da obra, pelas formas e cores usadas. Na minha pesquisa percebi que esses rostos eram baseados em máscaras africanas, adereços para a face usados em cerimónias e rituais por povos indígenas. Segundo o próprio Picasso, “as máscaras não eram como qualquer outra peça de escultura, de todo. Elas eram coisas mágicas.” Estes dois rostos na pintura trazem assim um elemento sobrenatural, talvez por isso permanecem de forma perturbadora no imaginário.
Cada peça individual da minha composição foi colorida com uma cor diretamente referenciada da pintura original. Elaborei 14 frames que organizei em sucessão para criar o GIF.
